Antes de qualquer explanação, perguntemo-nos no íntimo o que seria essa dupla personalidade. Não me refiro a pessoas com transtorno bipolar, psicopatas, sociopatas e afins. Mas de imediato não revelarei o foco exato da minha intenção, deixo pra vocês esse pequeno trabalho.
Estamos em um ano eleitoral. Processo esse que já está em andamento. Já vemos nas ruas os cartazes, os carros cheios de fotos de pessoas sorrindo com grandes sequências de números ao lado, entregam-nos panfletos, ouve-se ridículas paródias de músicas mais ridículas ainda. Estes são os indícios que estamos próximos de mais um longo dia de escolhas e votação, mas o que realmente chama-nos a atenção é a mudança total de comportamento de certos candidatos.
Os candidatos a cargos públicos são criaturas interessantes (são dignas até de análise científica, mas isso não é importante agora), pois antes de estarem nesta condição eram totalmente alheios a qualquer ser humano que não houvesse ligação direta com ele (familiares, empregados, gerente do banco, o cliente preferencial...), mas incrivelmente, num estalar de dedos, eles se importam com todos. Ajudam, preocupam-se, são amigos, bebem até no mesmo copo que você pra mostrarem companheirismo e transmitir confiança. Não sei para vocês, mas para mim há algo bastante errado aí.
Como confiar em alguém que só está sendo “gente boa” só para ganhar meu voto?
Daí a necessidade de muitos de quererem insistentemente colocar no meio político pessoas de origem humilde. Simples mesmo. Pelo menos essas pessoas vivem como a maioria e sabem realmente o que deve ser corrigido na sociedade e para a sociedade. Mas e quando esses ditos humildes e simples acabam mudando para carrascos mesquinhos ao ter o poder nas mãos? Fato. Pode ocorrer. E acontece mesmo.
O poder modifica o ser humano. Sei que você irá recordar-se daquela afamada frase de Abraham Lincoln que diz: "Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser pôr à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder”. De fato. Coloque poder nas mãos de um ser humano e você o conhecerá verdadeiramente.
Não sei dizer o que acontece, afinal, nunca tive o poder nas mãos, a não ser o da minha própria vida, aliás, nem isso. Mas imagino que se uma pessoa tem a oportunidade de mudar a vida de tantas outras, porque se permitir deslumbrar e cair no erro? Esquecer-se do que prometera ou do que realmente deveria ser feito? Não gosto de julgar e nem tenho esse direito, mas para nós que dependemos da consciência de pessoas que colocamos o poder em suas mãos, me vejo, sim, no direito de questionar e cobrar.
Jhecy Silva